O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, descartou as alegações do potencial rival eleitoral Tim Mayer de que ele tem comandado um “reinado de terror” dentro do órgão regulador do automobilismo.
Mayer, um ex-comissário da Fórmula 1 que foi demitido por Ben Sulayem no final do ano passado, anunciou durante o fim de semana do Grande Prêmio da Grã-Bretanha que planejava concorrer à eleição presidencial da FIA este ano.
Como parte de um discurso de lançamento de campanha que delineou os motivos para buscar o cargo, Mayer descreveu o mandato de Ben Sulayem desde 2021 como um “reinado de terror” onde a dissidência é punida.
Ele também sugeriu que, em termos de progresso: “A única área da FIA que avançou é a capacidade de escrever comunicados de imprensa celebrando pequenas vitórias.”
Falando exclusivamente ao The Race, Ben Sulayem desconsiderou as acusações de Mayer, insistindo que não é seu estilo criticar outras pessoas em público.
Perguntado se estava irritado com os comentários de Mayer, Ben Sulayem disse: “Na verdade não. É que algumas pessoas estão desconectadas da FIA.”
“Na época das eleições, dizemos que a língua não tem ossos. Eles podem dizer o que sentirem se essa for a maneira de conseguir votos eleitorais.”
“Mas deixe-me fazer uma pergunta: você já leu algum artigo em que eu mencionei alguém de forma negativa? Não. Obrigado. Esse não é o meu estilo.”
“Meu estilo é conectar-me com os membros, ouvi-los e ter a confiança deles. Essa é a única coisa.”
Ben Sulayem desafiou qualquer pessoa a visitar a sede da FIA para ver que as coisas estavam funcionando de uma maneira muito diferente do que foi sugerido.
“Você já esteve no escritório da FIA? Eu gostaria que você fosse a Genebra e Paris para ver [como é] – e você é quem decide se é um reinado de terror.”
“Não. As pessoas podem falar e eu não sou um show de um homem só, porque tudo passa por [processos de] governança, e temos nossos [comitês de] ética. Então, realmente, isso não me incomoda em nada. Desejo-lhe boa sorte, quem quer que venha.”
Uma Ilusão
Uma das outras principais críticas de Mayer foi que as alegações da FIA de melhoria haviam sido uma “ilusão” em várias frentes – em termos de reforma, liderança e inclusão.
Mayer também sugeriu que Ben Sulayem ter levado o crédito por fazer a FIA voltar ao lucro, passando de um prejuízo de $24 milhões em 2021 para um lucro de $5.3 milhões no ano passado, era uma ilusão porque simplesmente estava de volta à normalidade pré-pandemia.
Fazendo referência a essas alegações, Ben Sulayem disse: “Os números nunca mentem. Com as contas, você aperta um botão e vai olhar as finanças.”
“Temos procedimentos de governança, temos conselhos mundiais e temos um órgão maior, que é a assembleia geral. Então temos pessoas inteligentes fazendo perguntas – com auditorias internas e externas.”
“E tudo isso é uma ilusão? Não. Somos uma federação que é monitorada, e também observamos o que fazemos porque temos muitas pessoas para responder, que são nossos membros.”
Democrático Demais?
Ben Sulayem saudou o fato de outro candidato ter se apresentado para buscar o cargo presidencial, e disse que caberá aos clubes membros da FIA decidir quem eles querem.
“É um sistema democrático”, disse ele. “Talvez seja democrático demais, porque se você olhar as diretrizes do COI[Comitê Olímpico Internacional], que seguimos, elas dizem que qualquer um – até você – pode se candidatar.”
“Mas você pode fazer isso na FIFA [órgão regulador do futebol]? Não. Você pode fazer isso no COI? Nunca!”
“Eu dou as boas-vindas a quem vier. Talvez eu tenha que pegar meu capacete de volta e voltar aos ralis. Então, quero dizer, ele é muito bem-vindo para fazê-lo.”
O principal obstáculo que Mayer precisa superar antes de entrar formalmente na corrida é garantir sua lista presidencial de candidatos para preencher posições-chave, o que inclui seus vice-presidentes de mobilidade e esporte.
Ben Sulayem disse que não podia descartar outro candidato se apresentando antes do prazo final de outubro, mas disse que seu foco permanece em concluir o trabalho.
“No final, outra pessoa vai aparecer? Carlos Sainz Sr. esteve lá por um tempo e ele desistiu. Talvez haja outra pessoa.”
“Mas, na verdade, eles são bem-vindos. Eu estou realmente ocupado com o que comecei. Eu diria que também é muito, muito claro. Eu preferiria fazer um mandato e fazê-lo direito, do que ficar como um fantoche por três mandatos.”
“Esse não sou eu. Nunca fui assim. Nunca farei isso.”
