Embora não haja dúvida de que os representantes da Mercedes e de Max Verstappen conversaram nas últimas semanas sobre uma possível futura parceria com a Fórmula 1, o que é menos claro é o jogo final em jogo de ambos os lados.
Isso é realmente sobre a Mercedes querer fazer uma investida chocante para atrair Verstappen para longe da Red Bull em 2026? Ou isso é mais sobre opções de longo prazo para 2027 e além?
Ou talvez seja apenas uma manobra conveniente que ajuda ambas as partes a fortalecer as mãos de negociação em outros lugares?
Os cínicos sugerem que a Mercedes pode reduzir as exigências salariais de George Russell se ele souber que alguém está farejando seu assento, enquanto o campo de Verstappen pode aumentar o que a Red Bull colocará na mesa para manter seu número um a bordo se chegar ao ponto em que eles precisam renegociar um contrato por medo de perdê-lo.
Provavelmente também não há verdade definitiva sobre o que está acontecendo, já que as motivações de ambos os campos provavelmente vêm de direções diferentes e eles não querem que sejam reveladas.
No entanto, com base no que aprendemos conversando com fontes com bom conhecimento da situação, existem alguns elementos interessantes que nos dão uma pista sobre onde as coisas podem ir nas próximas semanas e no longo prazo.
Quem está flertando com quem?
O surgimento das negociações entre Mercedes e Verstappen parecia particularmente fascinante porque, em abril, o chefe da equipe, Toto Wolff, havia descartado qualquer retomada dos esforços para atrair o atual campeão.
Ele disse à Sky F1: “Eu sempre digo que não flerto fora se estou feliz no relacionamento, profissionalmente.”
“Estou super feliz com a escalação que temos. Eu não poderia desejar nada melhor, e Max está na Red Bull. Não conversamos, continuamos nossa trajetória.”
À primeira vista, o fato de as discussões terem ocorrido agora sugere que a situação mudou e que Wolff decidiu se mudar porque está buscando uma mudança de piloto.
Mas as coisas podem não ser bem assim, com uma fonte sugerindo que, em vez de essas conversas serem sobre Wolff tentando atrair um novo piloto a bordo, elas foram iniciadas por uma abordagem dos Verstappens querendo conversar sobre o futuro.
Se fosse esse o caso, seria lógico que Wolff concordasse em falar – porque é trabalho de todo chefe de equipe falar com a gerência de cada piloto e saber como as coisas estão se preparando para o futuro.
É por isso que Wolff foi tão aberto com Russell sobre as discussões que estão ocorrendo – porque não há um plano secreto para atrair Verstappen.
Eles também explicam completamente as palavras que ele escolheu usar na coletiva de imprensa no GP da Áustria quando se tratou de discutir a situação de Verstappen.
Questionado sobre o que mudou com base em seus comentários no início do ano, onde ele disse que não iria mais “flertar” com Verstappen, ele disse: “Defina flerte. Não, nada mudou. Não há ‘flerte’ nesse sentido. Depende de como você age. Você pode flertar ou conversar.
O tempo de reflexão de Verstappen
O que parece seguro dizer é que Verstappen e sua gestão estão avaliando seu futuro na F1.
Com o domínio da Red Bull na F1 tendo sido eliminado e os pontos de interrogação sobre a capacidade da equipe de lutar na frente com sua própria unidade de potência no próximo ano, fica claro que o tetracampeão está se aproximando de uma encruzilhada potencial – tanto em sua carreira quanto em sua vida.
Em termos de corrida, os próximos dois anos podem muito bem ditar se ele se tornará o piloto mais bem-sucedido da história da F1 ou não.
Com as unidades de potência definidas para serem tão críticas para o sucesso nas próximas regras que começam em 2026, estar do lado errado das coisas com a Red Bull pode fazer com que Verstappen se torne apenas um ator coadjuvante.
Ninguém sabe agora qual fabricante fez o melhor trabalho com as novas unidades de potência, então fazer uma grande mudança em 2026 requer muito um salto de fé.
A palavra no paddock é que a Mercedes parece ser a favorita em termos de acertar os novos motores, mas isso não será comprovado até que os carros entrem na pista pela primeira vez.
E é somente quando o verdadeiro quadro competitivo dos regulamentos do próximo ano se tornar claro na primeira metade da campanha que os pilotos realmente saberão onde precisam começar a tentar forçar seu caminho.
A jogada mais inteligente agora para qualquer piloto é ter liberdade no final do próximo ano – para que eles possam abandonar o navio se sua equipe atual não estiver à altura e entrar em um carro mais competitivo para 2027.
Esse parece ser o jogo que Verstappen está jogando, com fontes sugerindo que é improvável que qualquer mudança para outra equipe de F1 aconteça até 2027, no mínimo – então qualquer discussão que ocorra é mais sobre isso.
Mas, igualmente, isso não significa que ele e a Red Bull possam sentar e pensar que é garantido que Verstappen permanecerá no próximo ano.
Os Verstappen claramente não estão satisfeitos com a forma atual do carro da Red Bull e querem ver melhorias feitas – e continuarão enfatizando esse ponto para a gerência da equipe.
O empresário de Verstappen, Raymond Vermeulen, foi bastante ativo na Áustria no último fim de semana – sendo visto em uma longa conversa com o chefe da equipe Red Bull, Christian Horner, na manhã de sábado, e depois sendo visto conversando com o diretor da Red Bull, Oliver Mintzlaff, no final da noite de domingo.
Questionado sobre o que queria ver da Red Bull no futuro, Verstappen disse: “Quero dizer, há coisas chegando, mas é o suficiente para desafiar a McLaren? Não tenho certeza. Provavelmente não.
“Mas também não quero parecer deprimido ou algo assim. Eu sei que todos na equipe sempre dão 100%. E continuamos empurrando, continuamos aprendendo, continuamos tentando trazer mais desempenho para o carro. E essa é a única coisa que podemos fazer.”
É a incerteza sobre para onde as coisas estão indo, que é aumentada pela mudança da Red Bull para seus próprios motores, que provavelmente impulsionou as negociações da Mercedes apenas para ver como o terreno está para o futuro.
E também lembra convenientemente à Red Bull que ela será mantida alerta para garantir que mantenha seu ativo estrela.
Mas, como disse o chefe da Red Bull, Christian Horner: “Sabemos qual é a situação com Max, sabemos quais são os contratos com Max. O resto é todo barulho que não vem daqui.
A ideia sabática
Mais uma ideia de campo esquerdo que surgiu no paddock da Áustria foi que a principal decisão que Verstappen provavelmente tomará para 2026 não é sobre a Red Bull ou a Mercedes.
Em vez disso, é sobre se ele corre com a Red Bull ou faz algo completamente diferente.
Isso se baseia em uma teoria de que, após 11 anos de F1, é hora de uma pausa – especialmente por ter acabado de se tornar pai.
Foi sugerido que esse debate interno foi o que o impediu de se comprometer publicamente a cumprir seu contrato com a Red Bull no próximo ano no último fim de semana.
Questionado sobre estar na Red Bull em 2026, ele disse: “Não acho que precisamos falar sobre isso. Não sei, você quer que eu repita o que disse no ano passado? Eu não sei. É a mesma resposta.
“Eu nem me lembro do que disse no ano passado, na verdade. Mas, novamente, não está realmente na minha mente. Apenas dirigindo bem, tentando impulsionar o desempenho, e então nos concentramos no próximo ano.”
Recentemente, houve mais indícios de que ele ficou frustrado com alguns dos elementos da novela da F1.
Um exemplo foram as repetidas perguntas da mídia que ele enfrentou sobre o risco de ser banido depois de somar os 11 pontos em sua licença.
Depois de ser sondado mais uma vez na coletiva de imprensa de quinta-feira na Áustria, Verstappen disse: “Você está brincando? Isso é como uma armadilha? Estou recebendo essa pergunta todas as vezes, todo fim de semana.”
Afastar-se da F1 pelo menos acabaria com muitos desses aborrecimentos fora da pista – e provavelmente não há melhor momento para fazer isso do que agora.
Com as regras de 2026 sendo uma redefinição em termos de potencialmente rasgar o livro de formulários e redefinir o grid, ficar à margem para ver como tudo se desenrola para saber onde você precisa estar para 2027 tem alguma lógica.
Há também algumas evidências de que uma faísca foi acesa dentro de Verstappen como resultado do programa expandido de sua própria equipe Verstappen.com Racing.
Já o vimos testando em Nurburgring Nordschleife e em Spa-Francorchamps na semana passada antes das 24 Horas de Spa – o que ele preferiu fazer em vez da estreia do filme de F1 em Nova York.
E em uma observação muito reveladora após sua saída antecipada do GP da Áustria sobre por que ele esperou 40 minutos para fazer sua aparição obrigatória na caneta de mídia da televisão, ele disse que não era porque queria ver como os eventos no Red Bull Ring estavam se desenrolando.
“Para ser honesto, eu realmente não acompanhei muito a corrida”, disse ele. “Eu estava assistindo o Spa 24.”
O que acontece depois?
Com tantos fatores no ar, é improvável que as questões sejam resolvidas em breve – especialmente porque há datas de opções de contrato que precisam entrar em jogo para decidir as coisas.
Sabe-se que Verstappen tem uma cláusula de desempenho em seu contrato atual com a Red Bull que vai até 2028 – embora os detalhes exatos disso não tenham sido divulgados.
Mas mesmo com base nas duas versões que têm mais credibilidade – que Verstappen precisa estar fora dos dois primeiros no campeonato de pilotos, ou dos três primeiros, por um ponto antes das férias de verão (provavelmente 31 de julho) se ele quiser ter o direito de acionar uma cláusula de saída – agora esse momento não foi alcançado.
Além disso, se a cláusula de rescisão do contrato só entrar em vigor se ele estiver fora dos três primeiros na classificação, isso também pode não acontecer. Ele está em terceiro lugar na classificação agora, muito dependerá se o quarto colocado Russell conseguir fechá-lo.
Do ponto de vista da Mercedes, a probabilidade é de que ela faça um acordo com Russell para 2026 – mas onde o pagamento se acumula e quanto tempo o contrato dura parecem ser os elementos que ainda não estão definidos.
A mini-pausa de verão entre o Grande Prêmio da Grã-Bretanha e a partida dupla na Bélgica / Hungria é logicamente o ponto perfeito para superar as coisas, com um anúncio a seguir logo depois.
Se os Verstappen indicarem que estão inclinados a ser agentes livres para 2027, seria lógico que a Mercedes mantivesse suas opções em aberto e garantisse que não deixasse a oportunidade de assinar com o tetracampeão cair para outra pessoa como a Aston Martin.
O próprio Wolff deixa claro que não haverá meses de espera para ver o que Verstappen faz, nem quer manter Russell em suspense para ver como as coisas se desenrolam. Há uma linha do tempo clara definida em sua cabeça.
“Você precisa ser respeitoso com as partes interessadas em todo esse processo, a organização, os motoristas, todos”, disse ele. “Você precisa entender o caminho a seguir.
“Não quero ser sádico em deixar um piloto esperar ou não tomar nenhuma decisão quando isso deve ser tomado. Então eu sinto que estamos em um bom espaço.
“Estamos em junho. Obviamente, há muita discussão em torno disso. Eu tenho sido aberto com isso e transparente e em um certo estágio, e então nos próximos dois meses – na Inglaterra, é [‘um casal’ significa] dois – então até as férias de verão. Tudo vai ser feito antes.”
